– André L. Soares –
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Amante de todas as artes, tive – ao longo de quase quarenta e oito anos – a imensa felicidade de vivenciar centenas de shows musicais: cinco deles, de Celso Blues Boy – quatro em Brasília e um no Rio de Janeiro. Em todos esses espetáculos me deparei com um músico em constante e astronômica ascensão. Guitarrista genial, cantor, poeta e compositor de talento ilimitado, Celso tocava melhor a cada show.
Não bastasse isso, Celso Blues Boy era educado e gentil para com o seu público. Em todos os shows, nunca se negou a fazer poses para a – cada vez maior – legião de fãs munidos de máquinas fotográficas. Ao perceber que alguém queria fotografar, ele vinha até a beirada do palco, chamava outros membros da banda e, para deleite da plateia, tirava solos de guitarra, ao mesmo tempo em que fazia caretas e gestos de muito estilo – bem próprio dos guitarristas.
Certa vez, às vésperas de um espetáculo a se realizar no Teatro Nacional Cláudio Santoro, também em Brasília, convidei uma namorada para ir ao show do Celso. Ela torceu o nariz, alegando que não gostava de blues. Insisti. Ela acabou aceitando. Ao final, ela estava totalmente maravilhada com a força das músicas e sua opinião sobre esse estilo mudara a partir de então.
Mesmo quando já adoentado, Celso Blues Boy nunca deixou de ser um gentleman. Após o show, ia ao camarim, tomava banho, perfumava-se e voltava para dar autógrafos e permitir que se tirassem mais fotografias. No show em Brasília, no Teatro dos Bancários, em 1997, sua mulher solicitou aos fãs, cheia de preocupação: ‘– Por favor, sejam rápidos, porque o Celso está muito cansado’. A tentativa teria sido válida se a fila não fosse imensa. No entanto, apesar da visível estafa, ele recebeu cada um com extremo carinho e atenção. A mim, ele autografou o ingresso, apertou minha mão com suas duas mãos e me agradeceu por eu ter ido ao show.
Imagina! Sou eu a agradecer eternamente pelos quase quarenta anos de blues e de rock and roll de altíssima qualidade; por quase quarenta anos de canções e acordes maravilhosos, que nada deixaram a dever aos grandes bluesmans norte-americanos; por quase quatro décadas de espetáculos incríveis, em que o baixo preço dos ingressos jamais traduziu a grandeza de sua arte. Muito obrigado, Celso, por tanta primazia e dignidade conferidas à música popular brasileira.
Agora nos restam os discos e as fotografias – modernos acessórios da memória – a nos mostrarem que Celso Blues Boy, o homem que ensinou Português ao blues… SEMPRE BRILHARÁ!
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arte, blues, bluesman, Celso Blues Boy, guitarra, música, rock and roll
Esta entrada foi publicada em 10 agosto, 2012, 12:26 pm e está arquivada em arte, blues, Brasil, música, poesia, rock and roll, show. Você pode seguir quaisquer respostas para esta entrada através de RSS 2.0.
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#1 por margot em 10 agosto, 2012 - 12:59 pm
Grande blues man!!
E quando ouvirem sua música vão dizer:
Aumenta que isso ai e Rock’n Roll!!!!!
#2 por ivete em 11 agosto, 2012 - 11:49 am
Vc é um sortudo!